À medida que os anos passam, vamos sentindo mais intensamente a dor das partidas. As gerações mais velhas da minha família começam a partir e o vazio que deixam é impossível de preencher.

Na família da minha mãe eram cinco irmãos. Hoje, restam apenas dois. O meu pai também já partiu. Esta semana foi a vez de me despedir do meu tio. Mais uma reunião de família, mas infelizmente, cada vez mais, estes encontros acontecem em momentos de despedida.

Recordo com saudade como era quando nos reuníamos todos: havia sempre comida na mesa, gargalhadas, alegria e muito sentido de humor. O meu tio e a minha mãe animavam a sala com desgarradas e, tantas vezes, o meu tio nos deixava-a embalar com um fado de Coimbra. Eram a alma da festa.

A minha família era numerosa, humilde, mas carregada de amor. Deixaram-nos memórias bonitas, ensinamentos de vida e um legado de união que me marca até hoje.

Agora, olho para os meus filhos e pergunto-me: o que lhes estou a passar? Somos menos, é verdade, mas espero que se lembrem sempre do amor que nos une, das histórias, das gargalhadas e até dos nossos karaokes improvisados em família. Não sei cantar fado, como o meu tio e a minha mãe, mas acredito que, de uma forma diferente, continuamos a cantar o amor que herdámos.

Porque é isso que fica: o Amor. ❤️

Assinado, SoLu@